segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Planejamento sem apego


Pode soar meio zen, ou taoísta, mas tanto faz. O fato é que planejar focando uma meta final é estressante e desagradável para a maioria das pessoas. Simplesmente porque qualquer um sabe, pelo menos inconscientemente, que metas se sobrepõem a outras. Estamos começando uma e outras já estão andando. Algumas acabam sem serem concluídas e outras são concluídas e não produzem o efeito desejado. Não traz alegria, satisfação… Por quê? Porque metas não significam nada.

Se existe algo com significado, é o que fazemos no dia-a-dia. Como lidamos com cada hora do dia? Estamos presentes no trabalho? Percebemos a nós mesmos, como estão nossas emoções, nossas sensações, como estão as pessoas a nossa volta, como está o nosso corpo?

Pois é, acredito que a maioria não percebe. Porque está focado em algo que tem que fazer. Andamos como burros com a cenoura pendurada no nariz. Nunca alcançamos nada, não curtimos o momento presente, e continuamos a andar atrás de metas.

Não vou dizer para não ter metas. Quem não sabe o que quer, não chega a lugar nenhum. Não há nada para falar a este público. Mas quem sabe o que quer, deve parar, e pensar: o que é mais importante – alcançar as metas ou viver bem enquanto faço o possível para alcançá-las?

Este é um ponto fundamental. Viver bem significa estar presente e perceber a vida. Pois a vida passa, as metas passam, e… vai chegar um dia em que estaremos olhando para trás e percebendo que vivemos como Sísifo, rolando a pedra até o alto da montanha, para depois ela despencar, e começarmos tudo de novo. Sim, metas são uma referência, mas elas não levam a nada e são sempre cíclicas, como a pedra que volta ao ponto de partida. Valeu a pena, eheh? Valeu a pena? Ser caçador de ilusões?

Acho que não vale. Vale é ir atrás do que quer, porque desempenhar a função humana de ser talentoso, ser líder, dirigir pessoas e mentes é instigante. Pra isso, focamos. Mas vale a pena também pisar na lama – eu gosto de bike, curtir a esposa, sair com as mãos dadas com os filhos, xingar um pouco a mamãe, para depois jantarmos juntos, olhar as cachoeiras, voar e conhecer terras distantes, ver povos e culturas diferentes… Vale a pena também olhar nossos funcionários com olhos sem julgamento, simplesmente observando o que leva a vida deles. Observar o nosso cão e os movimentos lentos do gato.

Para viver plenamente a vida, é preciso planejar. Sem apego de conseguir coisas ou alcançar metas, mas de conseguir ser pleno, no dia-a-dia. Produzir e ganhar a grana, mas permitir-se parar e dar um cochilo no carro, quando o corpo requer isso. Ser agressivo nas negociações e colocar seus interesses, para depois abraçar o concorrente e tomar uma cerveja, e perceber que ele torce para o mesmo time que o seu. É importante viver e permitir-se estar presente. Permitir-se saber o que o faz feliz, o que lhe dá prazer, e fazer! Ao invés de correr atrás de quimeras. Viver a vida, antes que a morte chegue, e nos arrependamos por não ter vivido.

Dá para ser zen e profissional. Ser um executivo e andarilho. Hábil vendedor e amistoso pai. Intelectual e punk. Marido namorado. E dá também para planejar os momentos de solidão, de reclusão, de isolamento, como todo homem merece e quer.

Para isso, é importante ver-se, em primeiro lugar, em seus papéis. Quem você é? É pai, filho, marido, líder de uns, subordinado de outros, religioso, aventureiro, intelectual… O que cada um desses personagens precisa para ser feliz e viver bem, agora, neste instante? Quais satisfações emocionais você precisa? Que tipo de atitude você está tomando que o agride? Que tipo de atitude não está tomando e seria bom tomar? Sim, é um planejamento. Olhar para si exige planejamento. Mas um planejamento muito mais profundo e que lhe trará um enorme prazer, no momento em que for percebida a sua vida de uma nova forma, a partir de metas interiores, e não mais, exteriores. É um planejar onde o alcançar importa pouco, mas o viver é tudo!

Alex Possato

Consultor de marketing pessoal e comunicação

www.nokomando.com.br

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