Acho que uma das coisas que procuramos, ao sair do Brasil, para morar fora, é o sucesso profissional. Estou certo? Bem, no meu caso, eu procurei mais uma estabilidade do que exatamente sucesso. Somente quando retornei ao Brasil, após 3 anos fora, com carteira assinada, estabilidade e... um pouco de mediocridade, é que comecei a pensar na minha carreira com seriedade. Comecei a pensar em fazer aquilo que me desse prazer... e, claro, grana também. Na época, estava com 29 anos. Tinha feito jornalismo, e embora faltassem alguns meses para concluir a formação, não tinha nenhuma vontade de seguir a carreira. Estava no Japão, e o meu prazer era escrever, e não exatamente trabalhar para um jornal. E aí eu escrevi meu primeiro livro. Somente para escrever... E aí vai uma dica:
1 - se você tem alguma vocação, seja ela escrever, pintar, cozinhar, cantar, jogar golfe, fazer ikebana, decoração, sei lá mais o quê, faça...
Uma outra coisa que percebi foi que, se eu não me adaptava à uma carreira tradicional, teria que partir para a carreira solo. Óbvio não? Ser o dono do próprio nariz não dá a menor segurança do salário no final do mês, mas é exatamente esta insegurança que nos leva para frente. E vou contar um segredo: eu nunca tive um tino comercial, vocação para empreender, nada disso... Fiz muita burrada, perdi dinheiro, investi em coisas erradas... Tudo se aprende! E aí vai mais uma dica:
2 - se você não tem uma carreira convencional para seguir, ou não quer ficar preso a um emprego fixo, pense seriamente em fazer a carreira solo;
Daí, quando é você no mercado, em busca dos clientes, existe um fator importantíssimo para ser bem-sucedido ou não: a inteligência emocional. Saber lidar com a falta de recursos, com o incerto, a dúvida, funcionários que fazem burradas, é um exercício de auto-controle e sabedoria. A inteligência emocional é uma das coisas mais importantes, e por incrível que pareça, quando você procura o Sebrae, só encontra cursos técnicos, planos de negócio, etc., mas nenhuma explicação de como lidar com um cheque sem fundo num momento de aperto, com uma briga com o sócio ou ainda, com a indisciplina de um funcionário. Aí, vem uma outra dica:
3 – Trabalhe-se emocionalmente. E seja flexível. Conheça suas fraquezas, e as utilize ao seu favor. Se, por exemplo, você não se vê lidando absolutamente com funcionários, porque não montar uma empresa baseada somente em si mesmo? One-man-show... é possível, é viável... Eu já tive empresas com vários funcionários, hoje somos dois, e trabalhamos com terceirização, quando é necessário...
Ok, vou falar da última dica. Talvez a mais importante. Tudo fica fácil quando temos uma vocação, não é verdade? Talvez você pense assim. Mas vou dizer uma coisa. Não é bem assim. Uma vocação, às vezes, diz muito pouco. Sabe por quê? É que vocação tem milhares, milhões de facetas... E para descobrir a faceta correta, que nos trará retorno comercial, fama, dim-dim? Por exemplo, eu tinha a vocação para escrever. Ainda tenho. E escrevi um livro. Não me deu o retorno desejado. Não me tornei o Paulo Coelho. Nem as orelhinhas do Coelho. Escrevi dois livros. Escrevi três livros. Mas não era esta faceta. A mente humana está condicionada a generalizar as coisas: pensamos – gosto de escrever, logo, serei um escritor. Daí, eu vendo bastante livros e ganho dinheiro e fama. Certo? Não! Errado. A minha vocação para a comunicação tinha muitas outras facetas. Por exemplo: aprendi a falar em público, coisa que há 10 anos era impossível. Aprendi a fazer networking e a vender meu peixe... Aprendi a mudar meu estilo para escrever na internet. Aprendi a fazer marketing e usar os textos de uma forma focada no convencimento do meu cliente... Aprendi a buscar um nicho de mercado que tivesse a ver com o meu perfil. E ainda estou fazendo diversos experimentos. Por isso, se você não tem vocação explícita, também não está muito distante do sucesso. Já vi muitas pessoas talentosas se afundarem com o seu próprio talento. A nossa sociedade vende a idéia de que as pessoas talentosas é que prosperam, dão certo, são legais. Isso é uma grande enganação. Dão certo aqueles que querem dar certo. No caminho para dar certo, o talento surge. E se não surge o talento, você terá dinheiro para contratá-lo. Isso me faz lembrar da história do Walt Disney. Desenhista pouco talentoso, era, por outro lado, um empreendedor egocêntrico e super-criativo. Tanto que empregou os maiores nomes do cartoon da época, obrigando-os a assinar os desenhos como... Walt Disney... Vai então, a última dica de hoje:
4 - busque a atividade que o apaixone. Algo que você faria e lhe daria muito prazer. Não se preocupe se isso que você quer pareça ser incomum, não dar grana, ou alguma crença boba que enfiaram na sua cabeça. Qualquer coisa dá dinheiro. Absolutamente qualquer coisa. E crie foco de ser o melhor que você pode ser nesta atividade. Crie o foco de se destacar, de se bancar, de ganhar grana...
Alex Possato é diretor do Nokomando-desenvolvimento pessoal e profissional