sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A briga dos CDs


Se você é brasileiro e mora no exterior, é bem provável que esteja envolvido na estranha mas natural lei natural descoberta por Darwin, que diz: “todo brasileiro em solo estrangeiro reconhece e é imediatamente atraído por outro brasileiro”. Na verdade, não sei se foi Darwin, Sartre ou Romário que descobriu esta lei natural, mas que ela existe, existe. E quando morei no Japão, não poderia deixar de ser diferente: eu sempre estava rodeado de brasileiros e os brasileiros sempre estavam rodeados de mim. Só saía fora quando estava a fim de encontrar uma linda japonesinha ou ficar zen, comigo mesmo. Ou quando dava os rolos, as muvucas... É, talvez você não acredita, mas onde junta um monte de brasileiro também ocorrem confusões.

Uma das confusões que mais me marcaram era a guerra dos CDs. Morávamos num prédio praticamente infestados de brazukas: acho que os japoneses foram bem espertos, em deixar todo mundo junto e bem longe de vizinhos que pudessem se incomodar com o nosso barulho. E haja barulho! Cada apartamento de 40 metros quadrados possuía pelo menos um belo som de última geração – e olha que última geração no Japão significa muito: só falta andar o bicho!

E dá-lhe som. Mas havia uma questão. Eu sou de São Paulo, e aprendi a curtir Beto Guedes, Caetano, Chico e também rock inglês. Nada como um bom Led Zepellin! Para mim... Para meu vizinho da direita, era Chitãozinho e Xororó, Leandro – ainda vivo, e Leonardo, Christian e Ralph e sei lá mais o quê... Do meu lado esquerdo, o povo tinha vindo do norte, e era lambada o tempo todo. Abaixo, estranhos no ninho, dois irmãos peruanos, que curtiam uns sons que iam de rock argentino, como Fito Paez, à pop insuportável japonês. A molecada, que não fedia nem cheirava, era tragada pelo pop comum: dá-lhe Madonna, Roxette, INXS, Phil Collins... Alguns revoltados curtiam Nirvana, Pearl Jeam, os grunges da vida.

Talvez você pense que estou reclamando, querendo dizer que o meu som é mais música que todo o resto... Nein! Nestes anos que lá fiquei, nunca abri tanto minha cabeça musical para sons e músicas diferentes, e hoje, embora continue gostando do Beto Guedes, sei curtir coisas que antes não engolia...

É, Ximbinha também é cultura!


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2 comentários:

Leo Silva disse...

''Ximbinha tambem é cultura'',kkkkkk
Oi visite meu blog
http://entreternanet.blogspot.com/

Mel Coelho disse...

Opa! Finalmente encontrei um blog que detalha um pouco de tudo nessa vida de brazucas no exterior. Minha idéia caminha com a sua, porém quero tratar de relatos. Esses dias me surgiu essa vontade de ter um blog que contenha um pouco da historia dos braza pelo mundo. To tentando publicar pelo orkut um e-mail onde as pessoas possam enviar seus relatos, seus perrengues e muito mais dessa vida no exterior. Ta sendo dificil, mas nao vou desistir. Talvez uma parceria ajudaria, talvez seja melhor trilhar esse caminho sozinha, enfim. Curti teu blog, o meu ja esta no ar, esperando que os brasileiros partilhem suas historias. Se quiser participar, mande um e-mail para bra_exterior@yahoo.com.br. Se me autoriza, posso publicar sua historia pelo Japao.
Parabéns pela iniciativa!
Abs