Lá pelos idos dos anos 90, época do glorioso plano real, que me deu um tiro no pé ao equiparar o dólar com o real, eu morava no Japão. País curioso, pequeno, com alto índice demográfico, terra natal de meus avós maternos. Na época, cerca de 140 mil brasileiros habitavam o país do sol nascente, em busca de guardar uma graninha e fazer o seu pé-de-meia. Eu era um deles, embora estivesse também buscando um caminho pessoal de auto-conhecimento, uma espécie de busca interior.
Muitos dos meus colegas reclamavam de discriminação. Sentiam-se ofendidos profundamente porque, muitas vezes, os japoneses não olhavam na nossa cara. Era comum um morador da cidade, ao ver estrangeiros, atravessar a rua para não cruzar do mesmo lado. Também já tive a oportunidade de ser seguido por seguranças durante todo o período que estivemos dentro de um shopping.
Mas tudo tem dois lados. Os mesmos colegas que reclamavam da discriminação, não viam que os hábitos brasileiros, algumas vezes, ofendiam profundamente a população local. Por exemplo, beijos em público, lá é considerado imoral, principalmente nas cidades do interior. Diziam: ah, mas beijar é normal! Sim, claro, normal para nós, brasileiros – mas não para os japoneses! Da mesma forma, andar hoje com uma latinha de cerveja na mão, em São Paulo, é normal; porém, andar com bebida aparente nos Estados Unidos é crime.
Outra coisa que perturbava muito os nipônicos era o nosso costume de se reunir em grandes grupos, beber e conversar em volume de voz muito alto, isto quando não rolava um sonzinho... O japonês fala pouco e fala baixo. E quando permite-se falar alto e ficar bêbado, é em ambientes apropriados, que eles chamam de sunako, e também nos karaokês. Outra coisa que dava briga: não saber separar os lixos. Vi até protesto de lixeiros japoneses, recusando-se a recolher o lixo de casas e prédios onde haviam brasileiros.
Uma coisa é certa: de certa forma, os japoneses desejavam hóspedes que se comportassem exatamente como eles... e isto é impossível. E por outro lado, muitos brasileiros agiam como se estivessem no Brasil, portando-se como um visitante inconveniente, provocando retaliações. Falar a verdade, nunca vi discriminação que beirasse à xenofobia, como se verificou recentemente com os africanos na França, ou como ocorre com alguns grupos minoritários que são atacados na Alemanha. E mesmo nestes países onde existem grupos de extrema-direita mais radicais, com certeza é possível viver, trabalhar, educar-se e aprender com a cultura local. Em todos os lugares é possível conhecer pessoas simpáticas, agradáveis, gentis. E em todos os lugares também podem ocorrer problemas.
No meu trabalho de consultoria, gosto sempre de enfatizar aos clientes a necessidade de se focar naquilo que se quer, nas metas, nos projetos, nos sonhos. O foco nos problemas – muitas vezes amplificados por crenças distorcidas e irreais – só leva à perda de energia e preocupações desnecessárias. Em programação neurolingüística existe um pressuposto que diz: se é possível para um, é possível para todos. Gosto muito desta frase e acredito plenamente nela! Se um único estrangeiro consegue se adaptar num lugar estranho, qualquer um é capaz. É nisso que devemos nos focar!
Abraços!
Muitos dos meus colegas reclamavam de discriminação. Sentiam-se ofendidos profundamente porque, muitas vezes, os japoneses não olhavam na nossa cara. Era comum um morador da cidade, ao ver estrangeiros, atravessar a rua para não cruzar do mesmo lado. Também já tive a oportunidade de ser seguido por seguranças durante todo o período que estivemos dentro de um shopping.
Mas tudo tem dois lados. Os mesmos colegas que reclamavam da discriminação, não viam que os hábitos brasileiros, algumas vezes, ofendiam profundamente a população local. Por exemplo, beijos em público, lá é considerado imoral, principalmente nas cidades do interior. Diziam: ah, mas beijar é normal! Sim, claro, normal para nós, brasileiros – mas não para os japoneses! Da mesma forma, andar hoje com uma latinha de cerveja na mão, em São Paulo, é normal; porém, andar com bebida aparente nos Estados Unidos é crime.
Outra coisa que perturbava muito os nipônicos era o nosso costume de se reunir em grandes grupos, beber e conversar em volume de voz muito alto, isto quando não rolava um sonzinho... O japonês fala pouco e fala baixo. E quando permite-se falar alto e ficar bêbado, é em ambientes apropriados, que eles chamam de sunako, e também nos karaokês. Outra coisa que dava briga: não saber separar os lixos. Vi até protesto de lixeiros japoneses, recusando-se a recolher o lixo de casas e prédios onde haviam brasileiros.
Uma coisa é certa: de certa forma, os japoneses desejavam hóspedes que se comportassem exatamente como eles... e isto é impossível. E por outro lado, muitos brasileiros agiam como se estivessem no Brasil, portando-se como um visitante inconveniente, provocando retaliações. Falar a verdade, nunca vi discriminação que beirasse à xenofobia, como se verificou recentemente com os africanos na França, ou como ocorre com alguns grupos minoritários que são atacados na Alemanha. E mesmo nestes países onde existem grupos de extrema-direita mais radicais, com certeza é possível viver, trabalhar, educar-se e aprender com a cultura local. Em todos os lugares é possível conhecer pessoas simpáticas, agradáveis, gentis. E em todos os lugares também podem ocorrer problemas.
No meu trabalho de consultoria, gosto sempre de enfatizar aos clientes a necessidade de se focar naquilo que se quer, nas metas, nos projetos, nos sonhos. O foco nos problemas – muitas vezes amplificados por crenças distorcidas e irreais – só leva à perda de energia e preocupações desnecessárias. Em programação neurolingüística existe um pressuposto que diz: se é possível para um, é possível para todos. Gosto muito desta frase e acredito plenamente nela! Se um único estrangeiro consegue se adaptar num lugar estranho, qualquer um é capaz. É nisso que devemos nos focar!
Abraços!
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